Sabedoria estrelar

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Nos últimos dias, peguei-me pensando sobre as minhas falas do passado.
Lembrei-me de uma ou outra estupidez que tive o desprazer de dizer há alguns anos por mais que, naquela época, eu me considerasse o ápice da inteligência em todas as esferas que eu frequentava. Eu, no auge da minha pretensão, acreditava piamente que tudo o que eu falava era ouro e ridicularizava qualquer um que tentasse me convencer do meu erro juvenil. Há algum tempo eu descobri que as estrelas rodam – falo em termos simplórios pois me falta conhecimento de causa – e,quando rodam, emitem uma frequência que pode ser percebida pelas torres de rádio. Além do constante pulsar e do espetáculo luminoso costumeiro que inspirou artistas épicos como Van Gogh e fascinou as gerações humanas por séculos, como se apenas isso não fosse o bastante, as estrelas conduzem, de forma sigilosa, orquestras maravilhosas que poderiam facilmente ser confundidas com o canto distante de anjos. Tudo isso numa frequência baixa o bastante para que nós não percebamos.
Na minha imbecilidade púbere, eu fazia o possível para que o máximo de pessoas ouvissem as coisas estúpidas que eu tinha a dizer. Enquanto isso, estrelas fascinavam anjos e demônios com seus cantos sem que ninguém soubesse.
A minha geração tem a constante necessidade de atenção; Quantas vezes numa rede social você viu ou até mesmo postou uma coisa completamente irrelevante que você estava fazendo? Já se perguntou o porquê? Esse é o paradigma das câmeras: Você só pode ser realmente importante se as pessoas estiverem vendo o que você está fazendo pois, para a minha geração, o que passa despercebido é gratuito e sem valor nenhum. O que ninguém vê, ninguém exalta. O que ninguém exalta de modo algum tem algum valor. Uma estupidez postada numa rede social ou a maior das idiotices dita em praça pública vale mais do que o mais épico dos poemas recitado em secreto.
Nós, há muito tempo, deixamos escapar pelos dedos a beleza da sabedoria das estrelas. A
sabedoria de fazer algo realmente belo, algo realmente bonito e trabalhado mesmo que
ninguém veja, tal como elas fizeram por milênios, soltando suas canções à esmo através do vácuo espacial sem expectativa alguma de algum dia serem exaltadas.
O problema maior é que idiotices ditas em alto e bom som reverberam pela sua própria cabeça por eras. Talvez daqui a alguns anos você se pegue remoendo as coisas que diz hoje, em cada um dos seus brutos preconceitos e pense: “É... Devia ter ouvido as estrelas”.


- Erick Corrêa Galvão.


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