Aprendendo a amar como os anjos do céu


Resultado de imagem para cruz coraçaoAssim que os fariseus ouviram que Jesus havia deixado os saduceus sem palavras, reuniram-se em conselho. E um deles, juiz perito na Lei, formulou uma questão para submeter Jesus à prova: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Asseverou-lhe Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua inteligência. Este é o primeiro e maior dos mandamentos. O segundo, semelhante a este, é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. A estes dois mandamentos estão sujeitos toda a Lei e os Profetas”. Jesus é o Senhor de Davi
Mateus 22:34-40


Existem duas coisas indissociáveis ao evangelho da graça: O amor a Deus e ao próximo. Nesse texto me proponho a falar alguma coisa que Deus tem me revelado sobre o amor.
A primeira coisa que se deve esclarecer é o próprio significado do amor: o amor se difere em muito do romantismo que tanto conhecemos, assim como é o exato oposto do sentimentalismo. O amor é contrário ao sentimento, pois no amor é onde nós estamos mais propensos a fazer coisas que não nos agradam a fim de satisfazer a pessoa amada. Colocamos nossos próprios desejos como sendo fardos para que, assim, os fardos da pessoa amada se tornem mais leves. Bem disse Camões quando escreveu que o amor “É um cuidar que se ganha em se perder.”¹ , reforçando o texto do apóstolo, que proclama que o amor “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” ². O verdadeiro amor nos induz a matar nossos próprios sentimentos e desejos. O amor é a força motora que nos obriga a ofertar de nós mesmos algo que nos é precioso. Davi amava a Deus, por isso nunca cogitou ofertar a Ele algo que não lhe fosse precioso (2Samuel 24: 18-25).
Entretanto, existe um amor que nos induz a fazer exatamente ao contrário e que, portanto, deve ser desprezado e ser reconhecido desde sempre como um falso amor. Este é o amor-próprio. Quando nos emprenhamos em devotar nosso amor - que em hipótese alguma deveria nos pertencer, mas sim a Deus e aos nossos semelhantes – a nós mesmos, fazemos exatamente o contrário do que deveríamos fazer: colocamos nosso desejo acima do desejo do nosso semelhante, nos consideramos importantes e intocáveis e nos ofendemos muitíssimo quando alguém nos contraria – uma relação semelhante a de um amante passional para com sua parceira. Irmãozinhos, isso é perigosíssimo e deve ser diagnosticado e tratado o mais rápido possível!
Quando Jesus diz que devemos amar ao nosso próprio da mesma maneira que amamos a nós mesmos, Ele não está exaltando o amor próprio, mas sim criticando-o! É algo como: “Oxalá se vocês conseguissem amar ao próximo como amam a si próprios, já que se amam tanto!”. Nas palavras de Louis Lavelle:

“O maior benefício do amor é produzir uma purificação de nossa vida secreta ao libertá-la dos limites do amor-próprio, é revelar-lhe uma intimidade mais profunda em que seres diferentes comungam."
A consciência de si, p. 124

O amor próprio nos limita! Não poderemos em hipótese alguma verdadeiramente amar ao próximo enquanto estivermos afundados em mesquinharia e narcisismo, que é o amor próprio.
Satanás não pecou por odiar a Deus, mas sim por amar a si próprio. Aqueles entre nós que exaltam o amor próprio e negam admoestações tem tanto direito de estar entre nós quanto o próprio Diabo.
Não seremos capazes de amar ao nosso próximo enquanto cultivarmos em nós amor por nós mesmos. Ademais, “a mensagem que ouvimos desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros³. Desta forma, aquele que ama a si próprio está completamente excluído do evangelho de Cristo. Ora, quando Cristo retomou , através do sacrifício de seu próprio corpo, o sacerdócio de Melquisedeque, Ele também trouxe uma nova lei de amor, pois “quando se muda o sacerdócio, muda-se também a lei. É frívolo pensar que aquele que não cumpre a lei do amor está sob o sacerdócio de Cristo e, como a lei de Moisés foi aniquilada pelo sacrifício de Cristo (Hb 8:13), não existe nenhum outro sacerdócio a não ser o do Messias. Dessa forma, aquele que ama a si mesmo não está incluso na nova aliança e, portanto, condenado e “entregue aos desejos pecaminosos de seus próprios corações”, pois “trocaram a glória do Deus incorruptível pela imagem do homem corruptível. A saber, eles próprios.
Mas como podemos abandonar o amor próprio? Devemos nos submete, primeiramente, ao amor de Deus, amando-o acima de todas as coisas. Quanto mais me empenho em fazer isso mais eu percebo que, sem Cristo, a única coisa da qual sou verdadeiramente digno é de juízo. Caminhando nesse entendimento, desprender-me do amor próprio se torna um processo quase que involuntário e o auto-amor vai sendo gradativamente substituído pelo amor pelo próximo, que é sublime, opíparo e fundamental.
Saberemos que estamos completamente transformados quando passarmos a ver todos os nossos irmãos de fé como verdadeiros amigos e estivermos dispostos a dar a vida por eles, pois “Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos.
Quando vivermos assim saberemos que vivemos de acordo com o que Deus nos reservou na pátria celestial, pois, na ressurreição, “as pessoas não se casam nem são dadas em matrimônio; são, todavia, como os anjos do céu. Ou seja, vivem em eterna amizade, dispostas sempre a dar a vida uma pelas outras!
Que chegue logo o dia em que viveremos, na Terra, tal como os anjos vivem no céu!



Referências:
1. Luís de Camões CAMÕES, L. Rimas. Coimbra: Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra, 1953.
2. 1 Coríntios 13:7
3. 1 João 3:11
4. Hebreus 7:12
5. Romanos 1:22-23
6. João 15: 13
7. Mateus 22:30

Erick Galvão

Compartilhe aqui

Imagem relacionada

Comentários