Quando o sacrifício se entrega
E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. - Gênesis 22:2
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. – João 3:16
Um dia, sem aviso prévio, Deus manda Abraão entregar Isaque em sacrifício. Aquele filho tão amado, em quem Abraão havia depositado suas expectativas, o único filho que ele tinha por perto. Deus o mandou sacrificar aquele filho.
Em Gênesis 22:3 relata que Abraão se apressou no outro dia levantando bem cedo e selando o jumento para cumprir a ordem de Deus. Podia ser doloroso, mas, aparentemente, ele não hesitou em cumprir a ordem. Ao chegar perto do monte, os servos que haviam ido com eles ficaram em um local mais afastado enquanto Abraão e Isaque subiram o monte. Isaque carregava nas costas a lenha que seria usada para o holocausto. O seu próprio holocausto.
Aqui entramos em um embate: apesar de nos ter sido ensinado que Isaque possuía aproximadamente 12 anos, na verdade, sua idade era algo entre 35 e 40 anos. Isso ajuda a entender como ele conseguiu subir o monte carregando a lenha. Considerando que o holocausto era um sacrifício onde tudo era queimado até virar cinzas, era necessária muita lenha, quantidade essa que um menino com estatura de 12 anos não conseguiria carregar por aquele caminho.
Ao chegarem ao local em que Deus havia direcionado Abraão diz a Isaque quem seria o sacrifício. Em Hebreus 11:19 temos a justificativa para a despreocupação aparente de Abraão ante aquela situação. Para ele, o Senhor ressuscitaria Isaque depois do holocausto. Mas e na cabeça de Isaque? O que se passava?
Quando Isaque nasceu, Abraão tinha 100 anos e idade. Portanto, na ocasião do sacrifício, ele possuía entre 135 e 140 anos! Se Isaque não tivesse permitido que seu pai o amarrasse e levantasse a faca para o matar, isso não aconteceria. Isque poderia facilmente ter fugido ao entender o que se passava ali. Mas não o fez. Mais do Abraão entregar Isaque foi o próprio Isaque se entregar em sacrífico. Isso muda tudo! Isaque subiu o monte, mais tarde chamado Jeová-Jiré, carregando aquilo que seria usado para sacrificá-lo quando ele mesmo se entregasse. Isaque não fugiu. Antes, cumpriu a tarefa para a qual o Senhor o havia enviado para cumprir naquele lugar. Um sacrifício que foi entregue e se entregou.
Anos depois, um homem chamado de “nazareno”, que não possuía beleza, nem formosura, nem boa aparência para o desejarmos, que era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, um homem de dores e experimentado nos trabalhos, um homem como um de quem escondem o rosto e de quem não fizemos caso algum, um homem que julgamos culpado e castigado por Deus, esse homem, se entregou para levar sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores, foi ferido pelas nossas transgressões, estava sobre ele o castigo que nos traz a paz e suas feridas nos curaram (Isaías 53:2-5). Esse sacrifício também subiu um monte carregando algo que usariam para sacrifica-lo. Troque a lenha por uma cruz. Uma morte bem mais lenta e dolorosa que abrangeria bem mais significado. Um sacrifício que salvaria.
Então Jesus exclamou, uma vez mais, em alta voz e entregou o espírito.
Mateus 27:50
Hoje, Sexta Feira da Paixão, dois mil e vinte anos depois do nascimento de Jesus, nos lembramos que a 1987 anos atrás, com 33 anos de idade, Cristo se entregou. Conscientemente e totalmente ele se entregou. Tudo o que ele poderia entregar ele entregou. Tudo que Deus pediu que fosse feito, ele fez. Tudo que fosse necessário, ele estava disposto a fazer. Um preço alto a se pagar. Hoje, nos lembramos daquele sacrifício que deu a cada ser vivente um preço e um valor. O sacrifício do Cordeiro Imaculado. Um sacrifício que nos comprou para a eternidade!
Lembremo-nos desse sacrifício. Lembremo-nos de Isaque e Jesus. Carreguemos aquilo que nos pesa. Estejamos também dispostos a nos sacrificar em obediência e por amor.
Taínny Galvão
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