A história de uma noiva

 

 Outrora, ouvi uma história. Contaram-me sobre um casal de noivos. Ele era totalmente dedicado a ela e constantemente declarava seu amor. Dizem que era possível sentir em suas palavras doces um derramar de sentimentos e que, quando as palavras eram duras, o amor podia ser sentido da mesma forma por tamanho o carinho com o qual se dirigia a ela. Ela, por sua vez, amava ser amada por ele, mas não conseguia corresponder na mesma proporção. Ouvia e tomava para si tudo o que ele falava e, por vezes, se sentia constrangida pela bondade com que era tratada e pedia para ser abraçada com o amor que só conseguia sentir em seus braços, afinal, ele a encontrou abandonada. Estava suja, ferida e jogada a própria sorte. Não tinha quem olhasse por ela, se sentia desprezada e ouvia de quem se aproximava que nunca poderia ser acolhida. Sentia-se incapaz e insuficiente. Então, um dia, enquanto chorava sob um céu nublado, ouviu passos delicados vindo em sua direção. Uma mão limpa foi erguida para que sua mão suja segurasse e a ajudou a ficar de pé. Há muito tempo ela não tinha em quem se apoiar. Ele não permitiu que ela caísse. Levou-a para dentro de sua própria casa e mandou que a limpassem, perfumassem e tratassem de suas feridas. Trouxe a ela um vestido novo sem rasgados e, sem uma explicação, disse que zelaria por ela por toda a eternidade e que esperaria até que estivesse pronta para se casar com ele. Ela, vendo que não tinha mais a quem ir, aceitou.

Ele era capaz de morrer por ela. Ela era grata a ele. Ele sabia que não era amado da mesma forma que amava, mas isso não o impedia. Era dedicado e tinha paciência para esperar pelo amor dela, mesmo que, às vezes, ela não se esforçasse para tanto.

Contudo, um dia, ele precisou voltar a sua terra natal para visitar seu pai. Antes de partir, chamou sua noiva, jantou com ela e prometeu que voltaria. Ela, por sua vez, prometeu que aprenderia a amar da mesma forma que era amada por ele. Acreditando na promessa dela, ele se foi aguardando ansiosamente pelo dia que voltaria e usufruiria daquilo que tanto a proporcionou. Ela observou da janela de seu quarto ele se afastar sentindo como se uma parte dela estivesse indo também. Ela colocou em frente a sua casa uma lamparina e disse que todos os dias iria repor o óleo para que, na noite em que seu noivo chegasse, ele pudesse saber que ela espera por ele. Os servos da casa dizem que todas as noites, após se perfumar e arrumar seu quarto e com o coração repleto de vontade de amá-lo, ela vai até a mesma janela pela qual viu seu noivo partir e canta a música que ele a ensinou: MARANATA!

Disseram-me que já faz muito tempo que ele partiu e que ainda não voltou. Os que passam em frente à casa contam que a lamparina não tem mais o óleo reposto todos os dias. Talvez ele não tenha voltado pois ela ainda não conseguiu cumprir sua promessa e ele ainda espera por isso. A verdade é que o chefe da casa não pode ficar fora para sempre e, um dia, voltará para o que é seu. Torço para que, nesse dia, no fim da história, ela tenha acendido a lamparina e o abrace da mesma forma que ele a abraça.

Mais tarde, quando passei de novo perto de ti, vi que tinhas alcançado uma idade suficiente para amar; então, gentilmente, estendi a minha capa sobre ti e cobri a tua nudez. Em seguida, fiz um juramento e celebrei uma Aliança contigo, declara o SENHOR Deus, e tu passaste a ser minha amada!
Ezequiel 16:8.

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